Lembrei da minha avó paterna que gostava de contar causos, acreditava
em lobisomens e sereias, e era muito supersticiosa. Eu amava ouvir os
causos da minha vozinha querida, que por muitos anos padeceu de
Alzheimer. Enquanto ela adoecia, eu adolescia. E foi muito penoso vê-la
perder sua memória, esquecer quem eu representava pra ela, esquecer o
meu nome, minha identidade. Não poder mais ouvir os seus causos e
conselhos foi muito traumatizante para mim.
Saudades, vovó. Dos nossos
passeios de balsa, quando eu estava ainda na primeira infância e, morava
em uma cidade pequena do sul da Bahia. Das orações que aprendi com
você, do terço, dos primeiros pontos de crochê.
Saudades de dormir
com você na mesma cama, dos seus conselhos, das suas reclamações
oportunas e do orgulho que tinha de pronunciar o meu nome, ao me
apresentar aos seus amigos.
Herdei de você a simplicidade em
relação às pessoas, sem discriminar ninguém, tratando a todos como tem
que ser, sem frescuras, sem escolher os amigos por raça, condição
social, cultural, apenas pela essência de cada uma delas.
Passaram-se tantos anos, vó, mas eu nunca me esqueço do dia em que você
elegeu o Santo Antônio como o meu santo. E nunca me esqueci dos seus
olhinhos azuis escuros e brilhantes, transparecendo toda a sua força e
coragem, apesar dos pesares.
De repente lembrei-me de uma canção que aprendi ainda bem pequena em
família. A autoria me é desconhecida, mas a letra é essa:
"Vovó me contava uma história
Quando eu era ainda nenê
História de Mula sem cabeça e Sacy Pererê
Eu, com medo, dormia, e o fim da história nunca sabia
Um dia ela me contou uma história linda, linda..
Eu esperando o fim da história que eu não sabia ainda
Nesse dia, a vovozinha foi quem dormiu, foi quem dormiu...
...E nunca mais ela acordou pra me contar o resto da história
E nunca mais...ela acordou..."(Autor desconhecido)
Eu sempre achei muito triste essa canção, mas gostava de ouvi-la e de cantá-la.
"Vovó me contava uma história
Quando eu era ainda nenê
História de Mula sem cabeça e Sacy Pererê
Eu, com medo, dormia, e o fim da história nunca sabia
Um dia ela me contou uma história linda, linda..
Eu esperando o fim da história que eu não sabia ainda
Nesse dia, a vovozinha foi quem dormiu, foi quem dormiu...
...E nunca mais ela acordou pra me contar o resto da história
E nunca mais...ela acordou..."(Autor desconhecido)
Eu sempre achei muito triste essa canção, mas gostava de ouvi-la e de cantá-la.
Onde quer que você esteja, que Deus te abençoe, vovó. Muita Luz!!!!
Oi, Sandra, vó é isso, nos abraça de amor. Só querem brincar, nada de educar, por isso gostamos tanto delas. Também tenho histórias lindas com minha vó, quando eu aprontava, as desculpas dela vinham com muito carinho, me esperava chegar com meu urso todo vestido com minhas roupas. Lógico que isso eu era ainda criança, quando ela ficou lá em casa quando meus pais viajaram. Mas aprontamos muito pra coitadinha,eu e meu irmão, e merecemos a bronca.
ResponderExcluirSeu texto é meigo e cheio de sentimentos, de amor. São nossas lembranças, não? E que bom que guardamos.
Beijo, querida.
ResponderExcluirMarieta era uma figuraça! Saudades também..
As lembranças que ficam preenchem vazios e nos enriquecem. O amor parece não acabar e floresce em cada instante revivido. Bjs.
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