E
era assim que eu me via, olhando o outro lado da cerca, crendo que de
lá viriam todos os anjos salvadores, todos os heróis que eventualmente
estariam por chegar e, me resgatariam dessa condição desesperançosa da
qual eu me defrontava todos os dias. O outro lado era a salvação de
todos os incômodos que me tornavam detida, impedida de agir. Aqui,
estava eu, do lado de cá dessa cerca, onde o espaço
era enorme, contudo não me permitia ir de encontro a mim mesma. Eu
poderia, simplesmente, saltá-la, mas algo me indicava a chegada da
libertação a qualquer momento. E fora assim, por muitos anos, essa longa
expectativa diante de tais acontecimentos. Alguém dissera que toda
linha separa dois campos, dois polos, duas circunstâncias. E aquela
cerca era essa linha limitadora. Se aqui há desigualdades de condições,
se a minha existência favorável dependia de um salto, o que eu estaria
esperando? O que me amedrontava? Qual seria o requisito básico para
finalizar esse meu padecimento, esse desastre que era a minha
permanência do lado de cá? Um simples salto? E os anjos salvadores
que nunca chegam, os heróis que nunca me resgatam, onde estariam,
portanto, que nunca trouxeram o livramento a minha condição humana? Voltarei amanhã, farei tudo de novo, até que eu possa vencer essa
distância entre mim e a vitória que ainda hei de alcançar um dia.
...por vezes, nos dividimos e mantemos o pensamento no que poderíamos ser e atingir - e o que é no tal "agora", a tal fraqueza e tristeza que se apodera do corpo e se alimenta na alma. Ansiamos pela catarse, pelo momento de libertação da dor, em busca da felicidade-tão-prazerosa...o que permanece é sensações pequenas e o estagnar. Infelicidade é o mal do século. Superemos...
ResponderExcluirObrigada, filho,por complementar meu texto com comentário tão poético e pertinente.
ExcluirVenha mais vezes ao meu modesto cantinho. Amo você.
Lembrei-me da cerca da casa da Rua da Lama...O lado de lá era o paraíso pra mim...rs Metaforicamente falando, as cercas asfixiam. Mas o salto existe, é real, há que se salta. O texto, lúcido, traz também a poesia. A poesia salva. Belo texto. Triste e belo.
ResponderExcluirO quintal da rua da lama era encantador. Um pequeno sítio. As cercas,sem metáforas, sempre me fascinavam. Tanto que saltei muitas de arames farpados. Eu era tão destemida...deveras curiosa. O outro lado sempre atraiu a minha atenção.
ExcluirObrigada pela sua colaboração, sua opinião sincera me interessa, Tania. Bjs
Cuanta desigualdad hay en este Mundo!!!
ResponderExcluirCuanto hablan sus ojos!!
Gracias por compartir este magnifico blog
C on cariño Victoria
Grata pela visita, Victoria. Você sempre deixando suas impressões tão delicadas e sensíveis. Bjs
Excluirolá, os momentos menos bons vividos, são uma aprendizagem e motivação para ultrapassar todos os obstáculos, até conseguirmos o grande objectivo que é liberdade para a felicidade.
ResponderExcluirDia feliz
AG
http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/
Obrigada pela visita. Volte sempre. Seu comentário me interessa. Dia feliz.
ExcluirOi Sandra,
ResponderExcluirO sistema desse mundo nos fazem grupos,ninguém consegue entrar no status do outro, se tentar fazer irá virar piegas.
Espero que no céu não tenha tanto ódio, desesperança, fome, riqueza, luxúria de forma discriminatória.
Seu blog é lindo e vou aprender muito com você, se aprende também com os jovens.
Um beijo no coração
Lua Singular
Oi Dorli, que lindo comentário, amiga. Saudades. Eu também aprendo muito com você.Sua delicadeza e sensibilidade me comovem. Bjs
Excluir
ResponderExcluirOlá, Sandra, tudo bem?
A sua textualização, é nota 10.
Mas, a imagem postada, ela é chocante, como dizem os adolescente.
Tenha um fim de semana, agradável.
Abraços.
Obrigada, José Maria, por opinar, por visitar esse modesto blog. Pois é, a foto me inspirou a criar o texto.
ExcluirFeliz dia!
Minha cara, nova amiga! Se assim posso lhe considerar. Não imaginas o quanto me agradou sua visita; além do comentário elogioso que a mim dedicaste, tive a grata surpresa e satisfação de ler e apreciar postagens simplesmente magníficas, - soberba e elogiosamente escritas. E dentre as que li, uma em especial, me tocou profundamente: "Vovó me contou uma história".Com ela, fui levando às lágrimas, creia!
ResponderExcluirAndo um tanto quanto parado com minhas postagens, mas logo volto e,assim que voltar, seguirei seu conselho: irei escrever a continuidade daquele Conto.
Parabéns por suas postagens, escreves divinamente, com inspiração digna de elogios...
Aceite meu abraço e até mais!
Olá, querido Viviani! Tantos elogios vindo de um escritor como você me regozija a alma. Saudades das nossas trocas. Eu também me afastei do blog. Mas pretendo retornar assim que for possível.
ExcluirÉ sempre um prazer receber você por aqui.
Feliz dia, querido amigo!
Oi Sandra,
ResponderExcluirObrigada pelo carinho
Saí agora do hospital
Beijos
Lua Singular
Oi Dorli , fique bem. Faz tempo que não tenho notícias suas. Deus lhe abençoe, amiga!
ExcluirFeliz dia! Bjs
Bom dia, agradeço o seu comentário feito no meu blog.
ResponderExcluirFique feliz
AG
http://momentosagomes-ag.blogspot.pt/
Belíssimo texto, principalmente o último parágrafo! Fantástico.
ResponderExcluirBjusssssssssss
Vengo del blog de vendedordeilusao y me ha encantado tu Espacio; por lo cual, si no te importa, te sigo en tu bello Rincón.
ResponderExcluirAbraços.
Oi, querida Sandra, belíssimo e emocionante texto. Mais claro do que mostrar essas desigualdades é impossível. Foto e texto estão num casamento perfeito. Você foi feliz como sempre tocando em assuntos da maior relevância, e infelizmente jamais serão banidos desse ingrato mundinho, egoísta, corrupto até a última gota de sangue. Todos nós estamos assistindo - via TV - a evolução da nossa espécie, milhões morrendo. Vendo isso, há pouco, comentei alto: como os homens gostam de matar...
ResponderExcluirMeu carinho.